Por Giovanni Sandes
O fracasso da recriação da Frente em Defesa da Cidadania LGBT, na Assembleia Legislativa, nesta quarta (17), deu um exemplo sobre o grande o descompasso entre o que pensam os deputados estaduais diante das demandas sociais no mundo real. A frente LGBT existia na legislatura passada, criada pelo então deputado estadual Daniel Coelho (PSDB). Mas como sua recriação dependia de novo requerimento, feito pelo deputado Edilson Silva (PSOL), uma articulação a olhos vistos feita pelo presidente da Alepe, Guilherme Uchoa (PDT) inviabilizou a volta da frente.
Para se ter uma ideia, Uchoa abdicou da presidência da sessão para ter direito a voto e ainda articulou a saída de parlamentares que votariam a favor da proposta.
“Eu realmente não imaginava o nível de postura medieval na Casa”, continuou Edilson. “Não estamos falando de uma política pública ou de implementar uma proposta polêmica, como criar um ‘terceiro banheiro’. É o básico, criar um espaço para discutir as demandas cidadãs LGBTs”, afirma o parlamentar.
“A sociedade tem que saber o tipo de Assembleia que nós temos”, argumenta.
Ele afirma que não se trata de um jogo entre governo e oposição, tendo em vista que o líder do governo na Assembleia, Waldemar Borges (PSB), seria um dos integrantes da Frente LGBT. E também diz não ver uma questão pessoal de Uchoa. “É visão de mundo”, opina Edilson.
ARTICULAÇÃO
Pelo regimento interno da Alepe, a volta da Frente LGBT exigia o que se chama de maioria absoluta. Ou seja, mais da metade dos 49 deputados – 25 votos. O requerimento de Edilson alcançou 23 a favor. Foram só dez contrários. Quem decidiu a parada foram justamente as ausências.
Além de Priscila Krause (DEM) e Manoel Santos (PT), licenciados desde a semana passada, faltaram: Antônio Moraes (PSDB), Eriberto Medeiros (PTC), Francismar Pontes (PSB), Henrique Queiroz (PR), Lula Cabral (PSB), Ricardo Costa (PMDB), Rodrigo Novaes (PSD), Rogério Leão (PR), Zé Maurício (PP), Claudiano Martins Filho (PSDB), Beto Accioly (SD), Everaldo Cabral (PP) e João Eudes (PRP). Esses últimos quatro são a chave. Eles estavam presentes, mas só saíram após uma articulação de Uchoa a olhos vistos.
Na contabilidade política, já eram esperados os 9 votos contrários da bancada evangélica, de parlamentares como o pastor Cleiton Collins (PP). “Não foi a bancada evangélica. O requerimento foi derrubado por uma articulação política cirúrgica, de quem deveria intermediar a relação entre a Assembleia e a sociedade”, afirma Edilson Silva.
A bancada evangélica é composta por Adalto Santos (PSB), André Ferreira (PMDB), Bispo Ossésio Silva (PRB), Doutor Valdi (PP), Joaquim Lira (PSD), Joel da Harpa (PROS), Odacy Amorim (PT), pastor Cleiton Collins (PP) e Professor Lupércio (SD). Fonte: JC
Ariadne Morais
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