Toda vez que uma maternidade fecha as portas em Pernambuco, mesmo temporariamente _ como é o caso da Amiga da Família de Camaragibe e da Brites de Albuquerque em Olinda _ ,as grandes pagam a conta. A sala de pré-parto do Cisam, na Encruzilhada, abrigou no dia 1º de março 29 mulheres onde só cabiam oito (ocupação de 362%). Ontem havia 19 no mesmo espaço (237%). Nesse cenário de guerra falta lençol e sobra sofrimento, das parturientes e das equipes sobrecarregadas.
O Conselho de Medicina recebeu denúncia de superlotação, esta semana, também no pré-parto do Agamenon Magalhães. Todas de alto risco estão em situação difícil. A Secretaria Estadual de Saúde reconhece o problema e informa estar transferindo mulheres e bebês para outras menores. Mas a história se arrasta há mais de uma década, com soluções pequenas. Leitos de alto risco do Hospital das Clínicas da UFPE estão sem funcionar desde dezembro. Lá falta pessoal, assim como no Cisam, à espera de um concurso. A reforma de Camaragibe, sequer começou e a Brites só deve reabrir em 2016. Outras maternidades municipais não funcionam e a maioria das regionais do Estado é limitada.
JC – Qual é o problema?
* OLIMPIO MORAES – Há uma crise brasileira da assistência obstétrica, com fechamento de 25% dos leitos do SUS. Além de subfinanciamento e falta de profissionais, há falhas de gestão no sistema. Administro um serviço com contingenciamento de verba onde a demanda cresce diariamente.
* Diretor do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam/UPE)
Ariadne Morais
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