Do Poder Online
Líder da minoria na Câmara, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) minimiza as mudanças ocorridas nos últimos dias no primeiro escalão do governo federal e diz que as trocas feitas até agora pela presidente Dilma Rousseff mostram uma falta de empenho em fazer o “reordenamento político” necessário.
Ao Poder Online, o tucano fala sobre a relação do PSDB com o PMDB e com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para ele, a aproximação entre oposição e peemedebistas, por enquanto, é circunstancial, embora a convergência de fato exista em alguns pontos. E elogia a gestão de Cunha à frente da Casa, que, segundo ele, ganhou outra relevância.
Diante da crise vivida por Dilma, ele avisa que a oposição está decidida em não aceitar o ajuste fiscal proposto pelo governo, diante da ausência de cortes na própria máquina. “Nós já avisamos que não vamos aceitar uma reforma fiscal de um governo que não corta a própria gordura. Que não corta na própria carne, principalmente a carne gordurosa”, diz o tucano.
A presidente Dilma Rousseff anunciou a troca de alguns ministros e parece tentar achar uma receita para se acertar com o PMDB. O senhor acha que essa recomposição vai acontecer?
A presidente teve sua segunda posse em 1º de janeiro de 2015. Depois teve uma espécie de terceira posse, que ocorreu quando ela teve que anunciar o novo comando da Petrobras. O grande marco do segundo governo, até então, era a possibilidade de recomeçar. Mas a presidente acabou buscando a receita do mesmo, continuou se apoiando na política do PT para escolher nomes que a cercam. Agora, indicar um ministro da Secretaria de Comunicação Social e da Educação, e indicar Henrique (Eduardo Alves) para o Turismo é algo que simplesmente não tem a relevância de um reordenamento político que se faz necessário. Vale lembrar que para a Comunicação ela escolheu o tesoureiro. Ser tesoureiro no PT não é um bom cartão de visitas. O Renato Janine (novo ministro da Educação) parece ser um quadro muito respeitado do ponto de vista acadêmico. Mas resta saber se será também no Executivo.
O PMDB tem falado com o DEM sobre fusão, tem conversado com a oposição no Congresso…Isso pode avançar, na sua opinião?
Acho que o que estamos vendo, por enquanto, é circunstancial. O que existe é menos o PMDB flertando com a oposição e mais o PMDB cansado da Dilma. É fato que as derrotas da presidente no Congresso vão muito além dos dedos das mãos. Mas não há nenhuma clareza, até o momento, de uma opção do PMDB por um diálogo real com a oposição. O que tem mesmo é o PMDB cansado de ser o patinho feio da relação com o governo, quando se trata do partido aliado que tem o maior ativo a oferecer.
Há uma expectativa grande em relação ao contingenciamento planejado pelo ministro Joaquim Levy. É uma oportunidade para a oposição se colocar?
Nós já avisamos que não vamos aceitar uma reforma fiscal de um governo que não corta a própria gordura. Que não corta na própria carne, principalmente a carne gordurosa. Aí sim existe uma convergência entre o PMDB e o PSDB em algumas matérias. É o caso da proposta que reduz para 20 o número de ministérios. Nós temos governadores pelo Brasil que não ocuparam nem metade dos cargos comissionados aprovados, por terem consciência do momento que o Brasil vive. Mas este governo não dá nenhuma indicação de que aceita cortar sua gordura, numa máquina pública que não se mostra eficiente como está.
Hoje, o PSDB se vê então seu maior aliado em Eduardo Cunha?
Nós não votamos em Eduardo Cunha para presidente da Câmara. Apoiamos o Júlio Delgado (PSB). Mas ele demonstrou ser absolutamente independente em relação ao Palácio do Planalto e deu outra dimensão à importância da Câmara. A oposição hoje vê o Eduardo Cunha como muito eficiente em melhorar a operação legislativa como um todo. Ele deslocou o centro do poder.
Mas o Júlio Delgado, seu candidato, critica a oposição e afirma que há uma proteção ao PMDB e ao Eduardo Cunha na CPI da Petrobras.
O PSB é um aliado importante para nós. Mas isso não quer dizer que tenhamos que ter pensamento igual em relação a tudo. Da nossa parte, não há nenhuma proteção ao Eduardo Cunha. Mas ninguém em sã consciência vai negar que a presidência dele está dando outra relevância para a Câmara dos Deputados.
Ariadne Morais
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