Por Giovanni Sandes
Atenção revolucionários de qualquer partido e bandeira ideológica. Na volta de um clima político acirrado, em que cada crítico é um intolerante e o outro claramente não tem noção da realidade, muito menos com o que contribuir, é chegada a hora de mostrar que você tem a razão. Aprenda a jogar para a plateia e fique bem na fita com a sua turma, aquela que repete os mesmos argumentos, como uma seita.
É urgente. Esta semana vão ocorrer duas marchas, uma em defesa do PT e da presidente Dilma Rousseff, na sexta, e outra domingo, pró-impeachment. Não importa se os propósitos são diferentes, se quem vai é ou não militante ou se quem vai aderir só está descontente ou preocupado.
O primeiro conselho é rotular – ou usar “tags”, para usar uma expressão online. Facilita demais. Se você é petista, por exemplo, chame de “coxinha”, “elite branca”, “golpista” ou “classe média”. Não importa se o alvo é um ex-eleitor insatisfeito com o PT, frustrado com a diferença do discurso eleitoral e a realidade atual ou se é só alguém que deseja expressar descontentamento com o custo de vida cada vez maior. O mesmo vale para tucanos. Vá de “petralha”, “comunista”, “bandido” ou “apedeuta”, ainda que qualquer um tenha o direito de defender suas ideias e seu partido político, ou mesmo se em questão está uma pessoa preocupada com os excessos no ar, alguém que não quer ver o Brasil fora de controle.
Rotulou? Agora reduza a fala do outro. Se apegue a um trecho do que a pessoa diz e tire de contexto. É que um rótulo traz os outros. Sempre que você falar, será lógico e racional. Se for o outro, é ódio, intolerância e espuma.
Ficou muito mais simples, não é mesmo? Basta usar, por exemplo, a tática do papagaio – é retweetar o que dizem os outros. Pode ser: “sua corrupção é maior que a minha”. De um lado, fale que o grande ladrão é Fernando Henrique Cardoso e Aécio, um inútil. Do outro, o grande ladrão é Lula e Dilma, a inútil. Pronto. É receber a glória em seu grupo.
Agora, se você não é militante, extrema cautela após ler este manual. Não comente. Finja que não leu. Porque basta citar um trecho e, com certeza, alguém vai rotular você.
Ariadne Morais
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