A execução do brasileiro Marco, condenado à morte
por tráfico de drogas segundo leis constituídas de um Estado soberano, a
Indonésia, provocou consternação e indignação na presidente Dilma. Consternação
e indignação que ela não demonstrou diante dos estrangeiros degolados pelas
leis de exceção de um não-Estado, o Estado Islâmico, com quem, para
constrangimento internacional, ela propôs dialogar. Houvesse um embaixador
brasileiro junto aos degoladores, Dilma o teria chamado de volta?"
Assim como não se pode ser a favor da pena de
morte,vale perguntar se Dilma se consterna ou fica indignada pelas multidões de
brasileiros condenados à pena de vida- haverá outra maneira de definir os
habitantes das Cracolândias? Se a presidente nunca passou perto desses
aglomerados subumanos, existe um a menos de dois quilômetros do Planalto
, em Brasília, e com o número regulamentar de zumbis estropiados, grávidas e
crianças. Dilma deveria inspecioná-lo para ver como vivem pessoas afetadas pelo
produto que Marco vendia na Indonésia e tantos vendiam por aqui.
Uma alternativa seria visitar alguma clínica séria
de tratamento de dependência química. Há vários no Rio, em São Paulo e, espero,
em Brasília. Nelas, uma das primeiras lições é a da quebra da prepotência- a
consciência de que se é impotente diante da droga e que a única saída é ficar
longee dela.
Num áudio que circulou pela internet na véspera da
execução, Marco parece consciente de que será libertado e voltará para o Brasil
para dizer "aos jovens" que a droga só leva "à prisão ou à
morte". Ou seja, a longa prisão não o curara da prepotência- continuava a
se sentir dono de seu destino e capaz de salvar toda uma geração com sua
mensagem.
Que sua triste morte sirva ao menos de veículo para
sua mensagem.
Ruy Castro
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