Caiu no colo de Paulo Câmara
Ao longo dos últimos anos, os problemas do sistema de transportes urbanos da Região Metropolitana do Recife foram tratados com um forte viés político, mais do que econômico. Para não se desgastar com a opinião pública e correr o risco de perder voto, o ex-governador Eduardo Campos adiou o quanto pode o reajuste das tarifas de ônibus. Os valores das passagens são definidas por um conselho que, pelo menos em tese, é paritário, formado por representantes do Estado e da sociedade civil. Na prática, a voz oficial termina prevalecendo. Ou seja, a proposta defendida pelo governo vence.
Em 2010, por exemplo, o ano da reeleição de Eduardo, não houve reajuste. O mais recente ocorreu em 2012. No ano seguinte, o conselho chegou a dar o aumento, mas foi abortado por conta das manifestações de junho. Em 2014, mais uma vez ano eleitoral, as tarifas não foram alteradas.
Toda essa novela é acompanhada pela repórter deste JC, Roberta Soares, especialista no tema. Ela ressalta que esse enredo, envolvendo economia e política, resultou em um déficit para o sistema. Os R$ 60 milhões arrecadados por mês não são suficientes para arcar com os custos. A conta não fecha e a fatura está caindo no colo do novo governador Paulo Câmara. Ou o Estado entra com pesados subsídios ou as tarifas terão que ser reajustadas. Queiram ou não queiram os juízes.
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