Caminhamos para uma recessão. Com o governo consciente disso, esperamos
Que 2ª feira! Calor, aumento de
impostos num pacotaço anunciado pelo ministro da Fazenda, de juros e queda de
energia em importantes cidades do país causada pela onda de calor inédita no
pais…Ontem nem parecia uma 2ª feira, estava mais para uma 6ª feira 13. Só
noticias ruins.
O aumento de impostos e dos juros são apenas consequências,
desdobramentos da busca de um superavit de 1,2% do PIB este ano. A elevação dos
juros visa derrubar a demanda e vem casada com o aumento do IOF – Imposto sobre
Operações Financeiras para os empréstimos às pessoas físicas. Aí, também
refreando o consumo.
Caminhamos assim – conscientemente, espero, por parte do governo – para
uma recessão com todas as suas implicações sociais e políticas. Fica
evidente, empiricamente, pela prática, que o aumento dos juros não refreou a
inflação cujas causas estão fora do alcance da politica monetária do Banco
Central (BC), mas nos preços administrados, serviços e alimentos.
Quando a inflação cair…se cair…
Assim, quando a inflação cair – se cair… – será pela queda violenta da
demanda e não pela alta dos juros. O que espanta é o silêncio de nossas
autoridades sobre os efeitos da atual taxa Selic de 11,75% – o sonho de consumo
do mercado financeiro -e sobre o serviço da divida interna de R$ 250 bi ao ano,
ou o correspondente a 6% do PIB nacional. É a maior concentração de renda do
mundo no período de um ano e para uma minoria detentora dos títulos públicos de
nossa divida interna.
Como a arrecadação cairá com a
recessão é preciso de novo que nossas autoridades expliquem como farão o
superávit e manterão os investimentos públicos e os gastos sociais.
Têm de explicar: como o pais voltará a crescer?
Fora o fato que as autoridades da
área econômica diariamente criticam abertamente os bancos públicos e seu papel
de vanguarda no financiamento subsidiado (porque necessário) de nossa
indústria, agricultura, infraestrutura social e econômica. A pergunta que não
cala é: quem os substituirá, quem continuará a desempenhar esse papel dos
bancos oficiais?
Semana começa com muita apreensão sobre os rumos do país.
Sobre o efeito maléfico e daninho
dos juros altos na valorização do real e nas contas externas também nada, nem
uma palavra… Nossa indústria que se vire. A semana começa, assim, com muita
apreensão pelos caminhos do país. Mas podem ter certeza, com muita festa no
mercado financeiro e nas redações de nossa mídia.
Mesmo que haja algum choro e ranger de dentes pelo aumento dos impostos,
no fundo dirão, melhor assim que uma reforma tributária que taxe os ricos, o
patrimônio e a renda, as fortunas e heranças e os fantásticos lucros
financeiros. Isso, talvez, explique o silêncio dos responsáveis pela política
econômica e pelo governo sobre a volta da CPMF ou de algum outro imposto ou
tributo equivalente e que cumpra seu papel.
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