Para entender como a Arena poderá custar R$ 2 bilhões à população de Pernambuco, sendo o mais caro estádio dos 12 construídos no Brasil para a Copa do Mundo, é preciso retroceder no tempo e conhecer os detalhes da consultoria que estudou a viabilidade econômica do negócio.
A empresa foi contratada e apresentada ao Estado pela própria Odebrecht, o que já evidencia um claro conflito de interesse. Hoje, ao analisarmos o desempenho financeiro da Arena, fica evidente que a consultoria superfaturou a capacidade da receita operacional para também, ao final, elevar a previsão de lucro da empresa concessionária, a Odebrecht.
Entre vendas de camarotes e espaços vips, o estudo estimou que poderiam ser arrecadados ao ano cerca de R$ 47,5 milhões. Não há, no Brasil, clube ou estádio que consiga atingir tal cifra. Para efeitos comparativos, em 2013 o Morumbi, em São Paulo, arrecadou R$ 16,3 milhões com a venda de espaços nobres, um terço do que se projetou para a Arena.
Apesar das inconsistências do estudo apresentado pela consultoria, dos oito cenários traçados, chegou-se à conclusão de que em apenas um deles o equipamento seria autossustentável enquanto negócio: com Sport, Santa Cruz e Náutico jogando suas 20 melhores partidas no local, a um público médio de 22.747 pessoas por jogo.
Mesmo sabendo que Sport e Santa Cruz não aceitariam transferir seu local de jogo, o governo do Estado assinou o contrato com a Odebrecht, desprezando os indicativos mínimos de viabilidade do negócio. Treze dias depois, o governo comunica a Odebrecht o que já sabia antes de assinar o contrato: apenas o Náutico passaria a jogar na Arena.
A concessionária, então, apresenta o primeiro aditivo ao contrato, retirando da PPP a condição de viabilidade do negócio e fazendo o contribuinte arcar com a previsão de lucro estimada pela própria empresa. Ou seja, o governo sabia que a Arena daria um gigantesco prejuízo e, mesmo assim, levou a empreitada adiante.
As cifras e os números da Arena:
• A presença do público segue na contramão das cifras milionárias que envolvem o contrato. Embora o estádio tenha capacidade para 46 mil torcedores, a média de público do Náutico no Campeonato Brasileiro de 2014, pela série B, foi de 6.248 pessoas;
• R$ 479 milhões o governo diz ter sido gasto apenas para construir o estádio, mas a Odebrecht cobra mais R$ 264 milhões por ter acelerado a obra e finalizado-a antes da Copa das Confederações;
• 1.415% a mais do que o previsto originalmente em contrato é quanto o governo do Estado paga a Odebrecht para a manutenção e o funcionamento do estádio;
• R$ 90 milhões é a previsão anual de receita operacional que a Odebrecht espera obter com a Arena. Se a arrecadação não atingir o valor esperado, o Estado tira dos cofres públicos e paga a fatura;
• R$ 2 bilhões poderá ser o gasto final do Estado para cobrir a previsão de receita da Odebrecht, ao longo dos 30 anos de vigência do contrato;
• R$ 133 milhões já foram reservados no orçamento do Estado de 2015, para cobrir a previsão de receita da Arena;
• Lembre-se: como o dinheiro é público, no final de tudo é você quem paga essa conta!
Fonte: Edilson Silva/ Facebook
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