11 de fev. de 2015

Loteamento tão óbvio que não se vê































Por Giovanni sandes

Uma lição que se aprende cedo no jornalismo é que o contexto dá relevância à notícia. Por isso, sem querer desviar o foco do principal, o escândalo da Petrobras, a volta do debate sobre a reforma política, junto da própria crise na estatal, joga luz sobre um problema que está logo ali na sala, mas todo mundo finge que não vê: o loteamento da máquina pública. É um desvio inerente à política no Brasil, onde ser amigo ou aliado, muitas vezes derrotado nas eleições, basta como critério para se ganhar um cargo. Como um presente.

Nesta conversa, é preciso evitar simplificações inocentes e, pior, desonestas. Um aliado político pode ser um excelente técnico. Um vínculo partidário não autoriza a leitura de que ali há intenções escusas. Por outro lado, vamos tratar os fatos como eles são. Do extremo da Petrobras, uma máquina política de fazer dinheiro, ao da “simples” incompetência, um dos maiores problemas da gestão pública brasileira está no excesso de cargos comissionados e na falta de critérios para preenchimento deles. A cultura brasileira trata como natural o patrimonialismo – a lógica de que a coisa pública pertence ao vencedor das eleições, seja municipal, estadual ou federal.

É difícil avançar nessa área, com nosso sistema político e institucional grande e confuso. Só com um absurdo do tamanho da Petrobras, parece, notamos o loteamento óbvio da gestão pública, os redutos partidários. Neste início de mandato, como sempre, é o que ocorre em inúmeros cargos.




Ariadne Morais

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