Por Giovanni Sandes
“De qual Frente Popular você está falando?”, pergunta o interlocutor do outro lado da linha. No momento em que a temperatura política já sobe no Recife, no xadrez de 2016, é relevante que um aliado do PSB sublinhe essa distinção entre a aliança que elegeu o governador Paulo Câmara e a que levou Geraldo Julio à prefeitura da capital.
Embora não seja uma frase repetida de forma literal por outros aliados, conversas com o mesmo sentido costumam servir de senha para análises e relatos sobre como o PSB vem tratando a base no plano municipal. Na política não existem ilhas. Se a relação do PSB e os seus aliados ficar tensionada em uma esfera, pode contaminar outra. E o Recife não é o único ponto de tensão nesse leque.
De Olinda, onde a pré-campanha também já deu sinais de aquecimento, vêm mais ruídos, porque entre os nomes historicamente ligados ao município, como Teresa Leitão (PT), Ricardo Costa (PMDB) e Luciana Santos (PCdoB), colocou-se o de Antônio Campos (PSB), Tonca, irmão do ex-governador Eduardo Campos.
Os socialistas se dividem entre afirmar que Tonca não será o nome do partido e o contrário, que ele vai sim ser o candidato. Mas concordam como o tema é outro elemento de tensão nas “Frentes Populares”. Inclusive, para aliados, pode repercutir no reposicionamento das legendas quanto a seu apoio a Geraldo na capital, que já tem suas tensões.
Em Pernambuco, segunda passada, o presidente do PDT, Carlos Lupi (foto), recitou a cantiga do descasamento da Frente Popular estadual e recifense. Falou sobre a vontade de reaproximação nacional com o PSB, disse continuar aliado estadual, mas saiu falando da possível candidatura no Recife, o que motivou questionamentos do próprio Geraldo diretamente a Lupi, já em Brasília.
Na linha cruzada do Recife e Olinda, uma decisão do PSB olindense rebate no Recife não só por causa do PCdoB de Luciana. Se os socialistas têm candidato em Olinda, o PMDB fica tentado a adotar independência na capital. Apesar de todo o xadrez, é com tranquilidade que um socialista pergunta de volta, ao ser abordado sobre a questão: “Quem é que pode dizer a Antônio Campos que ele não deve ser candidato em Olinda?”
Coluna Pinga Fogo
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