Dilma passou a campanha acusando Aécio de ser contra o trabalhador, de querer vender estatais e de estar alinhado com a direita. Na verdade, ela devia estar falando em frente ao espelho, e criticando as atitudes que ela própria tomaria após a eleição.
Isso nos leva a algumas reflexões. Quais os limites para um governante? Ele pode, dentro de suas prerrogativas legais, decidir da maneira que entende? São perguntas que o Brasil precisa responder. Tem sido cada vez mais comum o discurso de campanha ficar distante das atitudes tomadas ao longo dos mandatos. Mas sem nenhuma dúvida, nunca vimos algo tão radical quanto o que acontece atualmente no Brasil. O PT venceu as ultimas eleições dizendo que Aécio venderia a Caixa Econômica Federal, que ele iria tomar medidas recessivas e que iria retirar direitos do trabalhador.
Após receber votos com esses contra-argumentos, a recém reeleita presidenta anunciou que pretende vender parte da CEF para iniciativa privada, o que fará a instituição que hoje mede seu desempenho pelo alcance social de suas ações, passar a buscar o lucro contábil como objetivo.
Em seguida nomeou uma equipe de “especialistas” para o governo: Helder Barbalho, Kassab e o grande “mestre” da educação Cid Gomes. Agora, para completar, fez a vaca tossir, cortando diretos trabalhistas, dificultando o acesso do trabalhador ao seguro desemprego e pensão por morte, tirando bilhões dos bolso dos trabalhadores brasileiros. Só falta anunciar o corte no Bolsa Família para cumprir a execução de todas as mentiras que inventaram ser plano de Aécio para o Brasil. Mas isso pode? Ela tem o poder de ignorar tudo que disse na campanha e fazer o que quer, só porque foi reeleita? Cabe à sociedade civil organizada, sindicatos e congresso nacional dar um freio nisso.
Ao ler esse artigo que escrevo com indignação, algum Dilmista mais radical pode dizer que tenho uma visão partidária do assunto e que as medidas são necessárias para sanar as contas brasileiras. Nesse caso, pergunto, em primeiro lugar: por que não disse isso na campanha? Por que enganar a população, negando a necessidade de tais medidas recessivas para levar o voto de alguns desavisados? E, pior; se precisamos cortar, porque cortar de pensionistas, trabalhadores e desempregados? Não seria mais correto para um governo de esquerda tributar as grandes fortunas, cortar comissionados e ministérios? Nunca vi um governo, de forma tão radical, escolher o mais pobre como o pagador de uma conta que ele não fez. Tudo escancarado, como se depois das eleições eles pudessem fazer o que quisessem com o país.
Em suma, para garantir cargos e vantagens para Helder e Jader Barbalho, para dar poder a Kassab e ao “ideológico” PSD e não deixar petistas sem seus gordos salários na Esplanada, o governo preferiu cortar diretos trabalhistas e mandar o trabalhador pagar a conta. É quase como dizer, "olha, se você votou em Dilma, a culpa é sua, agora pague por isso!"
Tenho certeza que muitos que votaram em Dilma bem intencionados, pensando não no seu umbigo, mas nos mais necessitados, estão agora dizendo: “Ei, Dilma, o que você está fazendo com o meu voto?”. Enquanto não houver compromisso dos eleitos com suas promessas de campanha, não teremos chegado a uma democracia plena.
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