Do Portal LeiaJá
Antes da reportagem do Portal
LeiaJá entrar no setor de necropsia, o
vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE),
Rafael Cavalcanti, já alertou: “Vocês precisam ter estômago pra entrar lá! Não
há condição digna de trabalho para nossos trabalhadores”. De acordo com
Cavalcanti, a situação dos servidores do IML é uma das mais precárias da
categoria. “O IML não passa por uma reforma há bastante tempo. Só nesta semana
aconteceram várias quedas de energia elétrica. Os servidores trabalham em meio
a corpos em estado de putrefação”, denunciou o vice-presidente do Sinpol.
Na sala de necropsia, nossa reportagem encontrou um piso
molhado, focos de lama, sangue nas mesas, couro cabeludo espalhado pelo chão,
além de problemas no teto e nos aparelhos usados pelos legistas. Na mesa da
sala de raio-x, por exemplo, a falta de higiene também é notável. Existe lama e
o equipamento apresenta fiação exposta. Na câmara fria, onde os corpos ficam
guardados a baixa temperatura, existem sujeira e sangue por toda a parte.
Segundo um servidor que atua no IML que não quis se
identificar, os objetos utilizados para os exames nos corpos são arcaicos.
Facas do tipo peixeira, cabos de madeira, serras, linha usada em pipas e até
haste de guarda chuva viram ferramentas de trabalho durante os exames. “Essa é
a condição de trabalho que estamos submetidos. É desumano trabalhar no IML”,
disse o servidor.
Em entrevista à TV Globo, a gerente geral da Polícia Científica
de Pernambuco, Sandra Santos, afirmou que o Governo de Pernambuco já possui
recursos para iniciar reforma nas unidades (Recife, Caruaru e Petrolina) do IML
ainda neste ano. “Nós estamos trabalhando para operacionalizar essas reformas.
Ontem, eu tinha uma equipe de engenheiros visitando o IML e já monitorando
quais as áreas a gente vai começar essas reformas”, declarou a gerente. Sandra
Santos também informou que existe a previsão da realização de um concurso
público para a Polícia Científica, cujo edital ainda não foi divulgado. “Nós
teremos 316 vagas distribuídas para todos os cargos”, garantiu Sandra Santos.
De acordo com os policiais civis em protesto, até o final desta
quarta-feira, os serviços de necropsia e consequentemente liberação dos corpos
estão suspensos, por causa da paralisação de 24 horas da categoria. A previsão,
até o momento, é que tudo se normalize nesta quinta-feira (9). Até o início
desta tarde, os policiais realizam um ato em frente ao IML, no bairro de Santo
Amaro, área central do Recife.
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