8 de jul. de 2015

Dilma e PT x Aécio e PSDB: o inferno é o golpe dos outros


Por Giovanni Sandes
Nem a presidente Dilma Rousseff (PT), nem o senador Aécio Neves, presidente do PSDB: Jean-Paul Sartre é que acertou, ao escrever: “o inferno são os outros”.
Não tem cabimento a presidente da República, acuada por escândalos, recordista de popularidade baixa, em meio a processos no Tribunal de Contas da União e na Justiça Eleitoral, desqualificar de antemão um possível revés. “Eu não vou cair, eu não vou. Isso aí é moleza. É luta política”, afirmou Dilma ao jornal Folha de São Paulo. Ao reduzir a questão à política, Dilma joga para a militância, porém fere as instituições – que têm atribuições regidas por leis e pela Constituição, incluindo Congresso, TCU e Justiça Eleitoral.
Neste momento, falta a Dilma se manter à altura do cargo. Dilma pode tudo: se defender no processo, se articular na esfera política… O que não pode é deslegitimar o papel de cada instituição, sob pena de deslegitimar a si própria.
É a mesmíssima regra para Aécio.

O PSDB rachou entre o grupo dele e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que almeja ser o nome tucano à presidência em 2018. Com a concorrência interna, Aécio, que chegou perto de ser presidente em 2014, está ansioso. Faz o que acusa Dilma de fazer. Se ela, democraticamente eleita, se for o caso de cair deve respeitar o papel de cada instituição, como é que o candidato derrotado da oposição se antecipa aos mesmos julgamentos e já fala em anular as eleições 2014? Alckmin, por sua vez, se mantém calmo por ter uma expectativa de poder mais futura, em 2018.
Dilma e Aécio se completam. Por sobrevivência dela no cargo e dele no PSDB, eles querem reativar a polarização de 2014. O PT, que no passado quis derrubar tucanos eleitos, vê golpe da oposição. Para o PSDB, Dilma e o PT são os golpistas. É igual, com uma diferença: o inferno é o golpe dos outros.

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