20 de mar. de 2016

Sem Geraldo Júlio reeleito, PSB implode antes de 2018


paulo e geraldo


Apesar da aparente tranquilidade, exposta na publicidade oficial do partido no rádio e TV e ainda nos outdoors comemorando as conquistas da gestão, o PSB de Pernambuco vive o seu momento mais crítico em termos de perspectiva de poder a ponto de ancorar na reeleição do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, todo seu futuro.
Geraldo Júlio virou “Prioridade Um” para a agremiação. E isso vai do governador Paulo Câmara aos vereadores da Câmara do Recife. Reeleger o prefeito é a senha para o PSB se reinventar como partido sem Eduardo Campos.
Geraldo Júlio tem, naturalmente, as maiores chances no pleito de 3 de outubro. Está no cargo, tem uma bancada de quase 90% dos vereadores e uma coligação de deve gerar pelo menos 500 candidatos pedindo votos para ele.
Tem ainda o apoio integral do governador que, apesar das dificuldades, tem ajudado-o com verbas como no inusitado caso do repasse de R$ 10,54 milhões à Prefeitura do Recife, referente à quitação de débitos com a Taxa de Limpeza Pública (TLP) devida por 89 imóveis do Estado, datados desde 1979. Ou da transferência direta de verbas do FEM para que ele conclua, até maio, o Hospital da Mulher cujo projeto pronto e acabado, Eduardo Campos lhe presenteou no dia da posse em 2013. Ou seja, teoricamente, Geraldo só pode perder para ele mesmo. E é aí que mora o perigo.
Assim como Paulo Câmara, Geraldo Júlio sem Eduardo Campos dificilmente venceria uma eleição de síndico do prédio onde mora. Eles estão nos cargos que ocupam pelas mãos e ações – no caso de Geraldo Júlio – e pelo tributo (no caso de Paulo) a Eduardo Campos, após sua morte meses antes da eleição de 2015. Os dois sabem disso, e não escondem de ninguém, que Eduardo Campos não era apena seu líder, mas sua razão de existência como entes políticos que os escolheu a dedo para os dois cargos.
O problema é que Eduardo Campos já não está entre nós. E a tragédia do dia 13 de agosto de 2014 não deixou só Geraldo Júlio e Paulo Câmara órfãos politicamente. Deixou o PSB sem um comando efetivo e inquestionável. Claro que, institucionalmente, o líder maior é o governador. Claro que o partido com a quantidade de deputados eleitos e o controle absoluto na Assembleia Legislativa é a grande força política. Mas, sem Eduardo…
E é por isso que o PSB precisa reeleger Geraldo Júlio. Porque, se a conta desse poder for feita ao contrário, é fácil observar que fora da Prefeitura do Recife, o PSB corre o risco de não ter força política para reeleger, também, Paulo Câmara se ele decidir disputar em 2018.
Isso transformou a eleição, a reeleição de Geraldo Júlio, no único objetivo que interessa ao PSB. E para isso o partido vai fazer o que for necessário. De juntar num chapão todos os vereadores do Recife, os novatos e postulantes eternos e quem aparecer. E tentar costurar apoio partidários com quem aparecer interessado em colocar mais votos para o prefeito.
O prefeito e o PSB, aliás, sonham inclusive fechar acordo com as direções nacionais dos grandes partidos abrindo mão de cidades importantes desde que eles assegurem que, no Recife, Geraldo terá pista limpa. As conversas com Carlos Lupi, do PDT, mostram esse esforço. O problema é que Lupi é conhecido por um “hay gobierno, soy a favor” e o PSB, em nível nacional, é oposição. Mas, o prefeito e o PSB acreditam nele.
É claro que isso nem sempre funciona. Nunca funcionou, pois, quem decide é o diretório municipal e sempre tem um jeito do sujeito montar uma chapa à revelia do comando nacional ou estadual. O lançamento de Priscila Krause mostra claramente que a tendência é Geraldo enfrentar uma “requinha” de candidatos. Mas, o PSB acha que pode juntar todos numa chapa para eleger Geraldo no primeiro turno.
Tomemos outros exemplos: O PSDB nacional vai impedir que Daniel Coelho seja candidato? Claro que não. O PTB, que viu Silvio Costa Filho sair para o PRB, não vai ter candidato? Claro que sim. Tanto que, para não ir ao confronto, abriu a porta para Silvinho ir para junto do pastor Ossesio Silva o que, de cara, lhe assegura mais tempo na TV.
Da mesma forma que o DEM nunca iria proibir Priscila Krause de registrar uma chapa. É diferente de uma campanha nacional que o dono do partido possa fazer o que Eduardo Campos fez com Ciro Gomes em 2009. Mas, no município é diferente. Então, se qualquer cabo eleitoral faz essa conta, imagina os caciques do PSDB, do PTB de Armando Neto?  E é por isso que o PSB entrou na de eleger Geraldo Júlio antes do jogo começar e tentar segurar seus pintos no cercado do galinheiro.
O problema é que Geraldo terá que se provar. De início não terá Eduardo Campos dizendo que “ele fez”. Depois não terá o volume de dinheiro que Eduardo tinha, já pensando no projeto nacional. Finalmente, terá o histórico do que “não fez” do seu programa.
Naturalmente, ele está fazendo o que pode. Vai de solenidade de projeto em Fernando de Noronha a evento de adutora da Compesa no interior. De aumento de linhas da Azul a qualquer solenidade no Palácio do Campo das Princesas. Ele vai aparecer junto de Paulo Câmara até em obra que não põe um tostão, como a conclusão do projeto Cais do Sertão. Da mesma forma que Paulo o prestigia com tudo que for possível. Mas, todo mundo no PSB sabe que chegou a hora de Geraldo dizer que é Geraldo.
E ele, melhor do que ninguém, sabe que ele é quem vai ser julgado. Não existe mais o débito do eleitor para com Eduardo Campos. Aliás, nem com Paulo Câmara. Ele terá que se vender com um Compaz, o Hospital da Mulher, a duplicação da Via Mangue, suas Upinhas e aguentar a cobrança do que não teve como fazer. Ah, e explicar todos os projetos que deram problemas do Governo do Estado no tempo em que era o secretário que, como disse Eduardo Campos, foi ele quem fez.
Seus adversários sabem disso melhor que ele próprio. E ao contrário do que ele deseja, terá que enfrentar vários candidatos, inclusive, gente como Priscila Krause que se revelou na Câmara Municipal e na Assembleia uma adversária consistente, seja pela capacidade intelectual, seja pela capacidade de produzir informações críticas, seja por de ser o fato novo no próximo pleito. Isso sem falar de ser a única mulher (se Carlos Lupi barrar mesmo a candidatura de Isabella de Roldão) a enfrentar um grupo de candidatos homens.
O PSB sabe que precisará trabalhar duro para aplainar o terreno para o prefeito. E sabendo que esse negócio de reeleição é um problema para qualquer candidato que não tem pelo menos 70% de aprovação já na partida, de forma que tenha gordura para ir perdendo no decorrer da campanha. Bom, Geraldo Júlio garante que 85% dos recifenses aprovam sua administração, de forma que o PSB (teoricamente) vai poder trabalhar com mais tranquilidade.
Mas, sabendo que se, Geraldo não se provar bom de voto, secretários que pensam serem deputados federais e até senadores passam a correr sérios riscos no pleito de 2018 e até mesmo, Paulo Câmara.

Por Fernando Castilho/JC Negócios

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