24 de mai. de 2015

PSDB e PT em inversão de papéis na defesa dos direitos trabalhistas





Do JC ONline

Vamos imaginar que estamos em um filme onde uma pessoa passa os últimos 20 anos em coma e acorda hoje. Pega os jornais e acha que a política nacional virou de cabeça para baixo. O Partido dos Trabalhadores (PT), que nasceu nas portas de fábricas do País, envia ao Congresso Nacional um pacote de medidas provisórias (MPs) que cortam benefícios dos trabalhadores. E o PSDB, que outrora defendeu questões como o fator previdenciário, está ao lado da classe operária, lutando para manter os benefícios em vigor. 

Os pontos mais polêmicos do pacote são as MPs 664 e 665. A primeira  modifica as regras de pensão e auxílio doença. Já a segunda  altera as regras do seguro-desemprego, abono e período de defeso do pescador (período em que o pescador é proibido por lei de trabalhar no período de reprodução dos peixes).

No entanto, parlamentares do PSDB discordam a ideia de uma simples “inversão de papéis”. Bruno Araújo, líder das minorias na Câmara, acredita que a atual posição do seu partido é um reflexo do posicionamento do PT. “Eles tocaram o País de forma irresponsável na condução da dívida pública. Quebraram o País e agora querem recuperar às custas do trabalhador. O PSDB sempre acreditou no controle das finanças para incrementar a prestação  de serviço de qualidade à população”, afirmou o parlamentar.

Daniel Coelho, outro deputado federal tucano, segue a mesma linha de Bruno. “O PT tem uma discurso muito distante da prática. Deveriam, primeiro, fazer a parte deles, enxugando o governo e cortando cargos e gastos para depois ir buscar com a oposição e a sociedade um pacto. Sempre tivemos (no PSDB) uma conduta de defesa da sociedade”, declarou Daniel.

Além disso, Daniel acusa o governo de ter adotado um discurso contraditório. “Na campanha, Dilma dizia que seria o PSDB que faria esses cortes. Não vamos admitir que esses cortes venham antes do governo fazer seu dever de casa”, acrescentou.
Na defesa do governo, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, afirma que não há nenhuma crise de identidade no partido e que as medidas são passageiras. “É apenas uma transição. As medidas são temporárias para se criar um ambiente de estabilidade, para que o País retome o crescimento, faça divisão de renda”, explicou o senador.


Ainda de acordo com Humberto, não é a primeira vez que o PT é acusado de “trair os trabalhadores”. “Em 2003 e 2004, o ex-presidente Lula também tomou medidas duras, como aumento de juros. Na época, disseram que ele tinha se virado para o neoliberalismo (teoria defendida pelo PSDB) e que tinha abandonado o compromisso com os trabalhadores. Depois disso, o País voltou a crescer”, completou.

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